O Mato Grosso Endurance Cup, realizado nos dias 21 e 22 de fevereiro, marcou o retorno das provas de longa duração no estado com a realização dos 300 km de Cuiabá, uma prova de longa duração realizada no Autódromo Bom Futuro, considerado o templo nacional do automobilismo na terra.
A corrida aconteceu em uma época do ano desafiadora, onde o calor extremo se mistura com pancadas de chuva imprevisiveis. Na fase classificatória, disputada na parte da tarde do sábado, os termômetros marcaram 40 graus, tornando ainda mais árdua a luta pela pole position. Quem levou a melhor foi o trio Vandeleri Reck, Reck Jr e Emerson Reck, com o carro #21. Reck Jr, que assumiu o volante na tomada de tempo, registrou 1:07.924, estabelecendo o novo recorde da pista.
Com o início da noite, teve início também a batalha pelos 300 km de Cuiabá, que previa 160 voltas ou 4 horas de duração. A estratégia foi um fator fundamental, pois os pilotos só poderiam iniciar os abastecimentos a partir da 15ª volta, sendo obrigatórios quatro pit stops, cada um com um tempo mínimo de cinco minutos.
A largada foi limpa e o carro #21, com Reck Jr no comando, manteve-se na ponta muito pressiono pelos carros #99, pilotado por Gilliard Scheffer e #538, por Fernando Scheffer, até o início das paradas nos boxes. No entanto, problemas no câmbio resultaram em uma parada bem acima do tempo obrigatório, comprometendo a corrida da equipe.
Após o primeiro ciclo de pit stops, a liderança passou para o carro #99, de Gilliardi Schefer e Cadu Scheffer, mas o pesadelo veio logo em seguida. A dupla enfrentou problemas mecânicos e precisou permanecer várias voltas nos boxes, tirando-os da disputa pelo título.
Com o desenrolar da prova e as paradas estratégicas, a liderança ficou revezando entre o carro #22, de Vitor Wilms e Edgar Griebler, o #777, de Rafael Bortoli e Raijan Mascarello, o #77, de Alexandre Garcia e Adroaldo Weiseimmer, e o #538, de Fernando Scheffer e Gian Pasqualli.
Enquanto isso, três carros que largaram mais de trás ganhavam posições de forma impressionante: o #9, de Wellington Antunes e Vinicius Henrique, que partiu da oitava posição; o #4, de André Golubkowicz e Leandro Totti, que largou em 14º; e o #222, de Itor e André Cherubini, que sequer avançaram ao Q1 nos classificatórios e largaram da 21ª posição.
Com uma estratégia perfeita, o carro #9 da Equipe Beira Rio emergiu na liderança após os últimos abastecimentos e as penalizações aplicadas a adversários por erros nos pit stops ou infrações na pista. Wellington Antunes que pilotava o carro na última parte da prova precisou de toda sua experiência para segurar a ponta, pois seu carro apresentou problemas mecânicos e perda de rendimento. Nos momentos finais, a pressão veio forte dos carros #777 e #22, que se aproximavam com voltas mais rápidas.
A última volta foi carregada de emoção. Além da disputa em pista, a história de superação de Antunes e sua equipe deu um significado especial à vitória. O carioca recentemente venceu uma batalha contra um câncer severo e atribuiu sua recuperação à fé, à família e à paixão pelo automobilismo. Além disso, o preparador Paulinho Beira Rio, peça fundamental no automobilismo de terra nos últimos anos, também superou graves problemas de saúde no ano passado. Para completar, Vinicius Henrique recebeu, durante o final de semana de corrida, a notícia de que seu pai havia sido hospitalizado após sofrer um AVC, tornando ainda mais marcante a conquista.
A vitória do carro #9 foi mais do que um triunfo esportivo, foi um verdadeiro exemplo de resiliência e paixão pelo automobilismo. O Mato Grosso Endurance Cup começou sua temporada com um espetáculo inesquecível no Autódromo Bom Futuro, deixando a expectativa ainda maior para as próximas etapas.